9 de set. de 2017

Carta a uma nova amiga

Querida Lucineia

Então, como prometido, aqui está a pequena carta que me pediste para escrever. Em primeiro lugar quero agradecer imensamente a hospitalidade e recepção no aconchego de tua casa, e peço-te perdão por ter chego de surpresa e nem mesmo me conhecias; em segundo lugar agradeço o maravilhoso almoço compartilhado e claro, não poderia deixar de mencionar nossa agradável conversa.
Faz quase vinte anos que não escrevo uma carta para amigos, então nem sei bem o que escrever, neste mundo em que vivemos onde a informação é rápida e de poucas palavras, quando paramos para um monólogo como uma carta, falta-nos palavras, e confesso ser muito mais de escritos em prosa e poesia.
Apesar que, como residimos na mesma cidade, alguns poucos km de distância, considero mais proveitoso marcarmos um café para continuarmos nossa conversa, e quem sabe ainda muitas outras
(aliás, sintam-se bem vindos a aparecer na minha casa também, que fica em capoeiras, não muito distante de onde seu esposo trabalha).
De toda nossa conversa, posso apenas observar o quão guerreira tu foste e és em tua trajetória de vida, muito bom conhecer pessoas que lutam pelo que acreditam e não se deixam dominar pelo que os outros pensam ou o que a sociedade determina que sejamos, você escolheu e foi atrás de sua escolha, isto te torna determinada e confiante, mesmo acreditando que em alguns momentos possa ter te dado medo ou frio na barriga enquanto as coisas realmente aconteciam, e sei que nem tudo sai como planejamos, muitos sonhos são destruídos ao longo de nossa jornada diária, mas outros tantos nascem ou renascem e continuamos perseverando, porque enquanto temos fôlego de vida, precisamos viver, e não apenas sobreviver. A vida é uma caixinha de surpresas deliciosa, mesmo quando tem alguns sabores amargos, os doces sempre a deixam perfeita para quem sabe a medida certa de saborear cada um deles.
Admiro muito uma família unida cima de qualquer dificuldade, amo minha família por ser assim também, não somente pai e mãe, já que venho de família separada, mas em cada dificuldade ou alegria tive muitos familiares, tias, madrinha, mãe, padrasto, pai, e isso é o que nos torna especiais: o amor, o que é bem visível em teu lar, mesmo tendo permanecido pouco tempo, é possível sentir em vocês, e é muito lindo.
Penso que todos os dias nos superamos e nos tornamos mais fortes, mesmo quando pensamos estar fracos, buscamos ser melhores, em personalidade, sabedoria e caráter; você e eu temos conhecimentos e crenças diferentes, mas há algo que está acima de tudo isso, e é o que nos aproxima: o amor pelas pessoas, e isso é um dom que vem de Deus; nunca deixe que este dom se perca, sejam quais forem as circunstâncias que poderão ou não surgir num futuro, o mundo carece de pessoas assim.
Bom, vou encerrar por aqui antes que a carta se torne um livro (risos).
Apreciei muito tê-la conhecido e espero que esta amizade não se finde por aqui. Um grande beijo no seu coração. Que o Senhor possa sempre iluminar e abençoar você e tua família, te nutrindo de muita força e sabedoria para continuar cuidando de todos.

Kalinka

p.s.: Vou deixar também uma poesia dedicada, porque acho que pessoas especiais sempre merecem uma poesia, tanto quanto uma flor.

[escrevo com letra caligrafada e com papel decorado tal como fazíamos na era pré-computador, ah e com dobras (isso era invenção das minhas amigas, hahaha), afinal uma carta selada não pode ser de qualquer jeito, senão utilizaríamos o recurso digital que é mais rápido e funcional, não é mesmo?!]

Nenhum comentário:

Postar um comentário